terça-feira, 10 de abril de 2012

Tempo, tempo, tempo, tempo..

Haters gonna hate, mas a real é que eu não suporto quem fica de mimimi falando que a infância dele foi melhor do que a infância das crianças de agora.

Claro que foi. Foi a SUA infância.

É, sou de 1992 e tenho míseros 19 anos. Minha infância não foi há tanto tempo assim. Mas, na minha infância, você precisava ter muita grana pra ter videogame, computador, celular, internet e tv a cabo. E meus pais não tinham pra tudo isso.

Meu “acesso à tecnologia” era o super nintendo com os mesmos jogos de sempre e, às vezes, um joguinho novo que eu e minha irmã alugávamos na sexta-feira, porque a devolução caía no domingo e eles estendiam até segunda. Ou, no máximo, uma fita nova que meu primo-vizinho me emprestava, quando pegava com os amigos dele.

Computador? No sir. Isso era só no trabalho do meu pai e para trabalho mesmo. E na loja do meu tio, me lembro que ele comprou vários computadores, e em dois meses estavam todos quebrados, pois eles não se importavam muito. Tinham vários e não faria diferença. Não era o que acontecia com a gente. E ah, tinha acesso no colégio também. O primeiro computador da casa foi quando minha irmã entrou no Ensino Médio. E aí a internet era discada AND cara, então era só no domingo.

Celular ganhei faltando um mês pros meus 13 anos. Minha irmã já tinha! Ganhamos o mesmo celular, “o primeiro com tela colorida”, segundo o meu pai.
Antes disso, nossa diversão era trocar o toque do celular dele por um monofônico “La Cucaracha” e ligar pra ele enquanto estivesse na fila do banco, só pro véio passar vergonha. A gente nem via a cena, mas só de imaginar a cara dele, morríamos de rir.

Meu ponto é: eu tinha pouco acesso a essas coisas, assim como era com a minha irmã, nove anos mais velha que eu, ou meus primos, 5, 7 anos mais velhos. Mas quando a gente tinha, cara, era MUITO MASSA.

Minha infância foi maravilhosa. E eu me divertia muito descendo de carrinho de rolimã com meus primos e minha irmã… Tanto quanto me divertia quando a gente se juntava nas férias pra passar uma fase foda do Super Mario World.

O capote que levei com minhas 2 primas e minha irmã descendo no genial carrinho de rolimã com rodas de velotrol planejado para 4 pessoas que meu primo criou está guardado na minha cabeça com o mesmo carinho que guardei o tilt no videogame logo depois de fiiiinalmente passar aquela fase desgramada do mundo especial, a “Tubular”, porque pulamos demais e trombamos com o console sem querer. Foi uma tragédia.
Sem contar dos Teleféricos feitos com engradados de supermercado. O máximo do improviso. Eram simples e genial!

Nossa infância vai ser sempre maravilhosa. As crianças de agora não vão se arrepender de nada. Eles vão se divertir com as coisas novas que vão aparecer e lembrar com carinho das antigas.

Ou será que a emoção de jogar um Wii ou um Xbox com Kinect pela primeira vez foi só minha?

E, quem somos nós para falar deles?! Com a minha idade, minha mãe estava casando com meu pai e planejando uma vida inteira. E eu não sei nem o que vou fazer daqui um semestre, quando começar a faculdade. Eles compravam móveis para casa. Eu penso em comprar um tablet.

O que eu vejo? Um monte de marmanjo de 30 anos SE DIVERTINDO HORRORES com um aplicativo para iPadPodPhone e reclamando de crianças que jogam joguinhos.

Se temos direito de reclamar da infância que essas crianças de hoje levam, acho que nossos avós tem também o direito de reclamar da nossa. Ou mesmo da nossa vida atual, né?

Alguém se arriscaria a perguntar pra minha avó, que casou com 15 anos (porque o pai dela ia mudar de cidade e era mudar ou largar do namorado), lavava roupa no riacho e estendia na grama e limpava a casa da sogra subindo em banquinho pra limpar no alto, mesmo grávida de 8 meses, o que ela pensa da vida que levamos agora?

I don’t think so.

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