quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cheguei. Cadê meu manual de instruções?

As vezes eu acho que nasci e esqueci pra tras algum item, tipo manual de instrução, guia de sobrevivência ou bula, porque não é possível um ser humano que não sabe o que fazer. Eu fico tensa só de pensar que eu não sei que roupa iria trabalhar amanhã, pensar em casar então, é motivo pra eu querer pegar um coma de 5 dias, usando sonda só pra não morrer desnutrida. Eu tenho que me casar! Mas está aí uma verdade que eu esfrego na cara da sociedade moderna: eu não sei o que fazer. E juro, isso se aplica aos mais diversos departamentos da minha vida.
Tinha um emprego legal. Podia ir trabalhar bêbada, de Havaianas, e literalmente era paga pra pensar. Aos 19, posso dizer, com satisfação, que eu fazia o que gostava e fazia bem feito. Mas meus planos são outros, embora tivesse um emprego dos sonhos, com um cargo dos sonhos, prioridade é prioridade. Tenho uma família ótima. Minha mãe ainda está aí, me dando conselho, bronca e dinheiro. Tenho amigos nada exemplares, e justamente por isso gosto tanto deles. Estamos na mesma embarcação, remando com dois remos, mar adentro, procurando a ilha da felicidade.
Mas é que está difícil. Tem dia que eu paro e penso se eu quero passar minha vida ganhando pra cozinhar, ter um relacionamento aberto, ou continuar jogando meus textos no vento sem a menor chance de reuni-los de volta. Pior é continuar fazendo isso repetidamente com consciência e sentimentos. Nunca consegui ter uma poupança que eu mesma administrasse e não foi por falta de incentivo. Nunca consegui um amor que durasse e esse eu sei que foi por falta de vontade. Há exatamente um ano atrás eu estive doente. 360 e alguns dias depois, eu posso dizer como afundar me fez querer nadar mais rápido e cada vez mais longe. Não é pressa, é determinação. Não é pressa, é vontade de alcançar. Não é pressa, é persistência. Hoje, sou cercada de bons sentimentos, sonhos e pessoas que eu fiz questão de cultivar. Não saber o que fazer te induz a a ter que fazer tudo. Você até escolhe, mas tem que ser forte demais pra negar todas as possibilidades. Seja um emprego diferente, seja uma receita nova, seja um romance impossível. A sensação de poder ter tudo é tão traiçoeira que, por vezes, te deixa com nada e é frustrante ter escolhido tanto para, no final, terminar com nada. Talvez a vida seja isso aí: o que você vive. Nada que dê pra tocar, mas dê pra lembrar, agradecer e sorrir. A minha vida é isso. A falta de manual de instrução está me forçando a escrever um livro de memórias. E enquanto eu fico sem saber como agir, vou continuar repetindo os velhos e mesmos erros de sempre. É que eu gosto de ter certeza que tentei todos eles até acertar.