segunda-feira, 11 de junho de 2012

Culpa dos portugueses

Sem dúvida, a colonização portuguesa foi um dos principais fatos que contribuíram para que os brasileiros sejam um povo que, em sua maioria, gosta de farofa na praia com um pagode bombando.
Junto com as mulheres de bigode, nos foi trazido pelos portugueses o catolicismo em sua forma mais radical, e foi graças a esse catolicismo radical que somos desse jeito.
Vamos então odiar Deus, estar constantemente emburrados e maltratar nossos pais, mesmo sendo eles quem nos sustentam?
Não, nós somos brasileiro adoradores de pagode com farofa na praia, não idiotas.
Esse catolicismo nos fez ser um povo sem opinião por termos medo de irritar alguém quando expomos o que pensamos. Herança do caráter opressor da Igreja Católica naquela época.
Podemos mudar? Lógico! Hoje em dia, a religião não é mais um empecilho para nada, mas mudar dá muito trabalho e não é algo fácil de fazer.
O problema é que os portugueses também nos trouxeram o seu conservadorismo. Enquanto na Holanda a maconha é legalizada, aqui ainda nos assustamos com pessoas tatuadas e mulheres falando abertamente sobre sexo.
Vamos então fazer passeatas carregando cartazes de “Legalize” e botar nossas mães para dizer na TV que o Roberto Carlos a fizeram ficar umidecida?
Não, nós somos brasileiros adoradores de pagode com farofa na praia, não idiotas.
Poderíamos apenas nos espelhar em bons exemplos encontrados em outros países para que, levando em consideração nossas particularidades, possamos melhorar a triste situação em que muitos de nós ainda vive.
O problema é que os portugueses, e sempre os portugueses, nos fizeram ter complexo de inferioridade. Afinal de contas, ter sido colônia de um país que está mais pra norte da África do que para sul da Europa é complicado. E é por acreditar que somos inferiores que não tentamos mudar nossa realidade. É melhor apenas continuar admirando os gringos e repetir a todo momento que “no Brasil, nada dá certo”.
Vamos então organizar um movimento, enjaular um monte de pombas brancas para depois de passar duas horas gritando num microfone e gesticulando com o indicador ereto, soltá-las numa alusão à liberdade?
Não, nós somos brasileiro adoradores de pagode com farofa na praia, não idiotas.
O que fazer então?
Botar em prática outro ensinamento trazido pelos portugueses: o contentamento com o que nos é oferecido, mesmo que seja uma merda.
Como que podemos nos contentar?
Ora, vumbora pra praia ouvir um pagode, comer uma farofinha e dar graças a Deus por não termos sido colonizados por franceses. Uma hora dessas seriamos prepotentes, fedorentos, além de falar com biquinho. Nan...
Pensando assim, Portugal até que é legal! 



É a consequencia do ócio. 

domingo, 10 de junho de 2012

A minha identidade

Desde que me conheço por gente, quando recebo um elogio, esse elogio vem acompanhado de alguma comparação.

- Nossa, como a Gabi tá bonita, tá parecendo aquela fulana...

Tá, é normal nossos traços lembrarem outra pessoa. Eu realmente não ligo quando comparam minha aparência. Ok, mas tudo tem limite.
O que me incomoda é quando confundem a Gabriéla mais adentro. Se comparam minhas atitudes eu fico brabona.
Eu sempre me achei diferente de todo mundo. Tenho olho, nariz e boca grande. Tudo em exagero. Porém, minha sobrancelha é clara e curta pra manter o equilíbrio.
Jesus, você me fez parecendo com nada? Pq sério, não é possível alguém se parecer com tanta gente que não tem um estereotipo definido.
Depois de muito me olhar no espelho. Todos os dias. Cheguei a pensar em usar sombra verde bandeira no dia-a-dia pra me olharem e dizer "Essa menina não se parece com nada!".
Eu sempre quis me parecer comigo. Acho normal quando me comparam com alguém da família. Mas só me pareço com a família do meu pai e ninguém conhece eles. Nem eu!
Já pensei que ficaria mais feliz com algum comentário do tipo: "essa menina é muito sem sal!". Me contentaria com isso ao ser comparada com a Sasha, por exemplo.




Adele:

Quando comecei a ser comparada com a Adele, no fundo, me senti meio preconceituosa por achar que estavam me chamando de gordinha. Porque tirando o fato da Adele ser gordinha, ela tem um rosto simetricamente lindo e equilibrado. Porém, ela realmente não se parece comigo. Não, não se parece!
E teve uma pessoa que me comparou, me chamando de Adele na ironia. Fui no Nutrólogo e consegui ficar 2 semanas numa dieta de proteínas do cão, mas depois achei infantilidade minha.
Tava pesquisando agora e vi que Adele é uma ex-gordinha. O que também achei estranho, pois já li vários depoimentos dela dizendo que se amava gordinha. Depois de ver essas fotos dela magra, acho que se definir como "amante de suas dobrinhas" é quase que um escudo contra críticas.
Tenho um furinho no queixo, bem raso, mas tenho. Acho que é a única semelhança. Só que os furinhos da Adele, são quase testículos, pois são muito definidos. Rss


Sasha:

O Ademir, meu tio, sempre me fala que eu me pareço com a Sasha. Apesar dele ser meu tio, eu não chamo ele de tio e isso porque desde que eu me conheço por gente, ele é casado com a minha tia. Porém, é o segundo casamento. O Tio Zézinho, eu chamo de tio, e eles se separaram antes d'eu nascer. Talvez essa apatia de minha parte tenha começado pelas comparações. Deus, por favor, explica pra ele que eu não me pareço com a Sasha.


Wanessa Camargo:

O Ademir me compara com a Sasha, também me compara com a Wanessa. Embora eu não cante, não seja neta de Francisco, não seja filha de Mirosmar. Tenho que ouvir isso em toda reunião de família. Sem contar que eu não acho ela bonita.


Gisele Bündchen:

Ficaria muito feliz. Mas sempre tive consciência de que meu cabelo, quando mais nova era natural e bem claro. Ondulado sempre foi. Aceitava a comparação por ela ser bonita, claro. E meu cabelo ser parecido, de longe. Mas enfim, NADA-A-VER! E ah, quem me comparava com ela, era o Ademir também. E minha tia Vilma, casada com ele, concordava. Praticamente uma máfia contra minha auto-estima.


Lea Michele:

Fiquei ofendidíssima! Acho que não tem nada a ver, nem o tom do branco dos olhos é parecido. E acho que ela mais parece um homenzinho. Fora do Glee, ela é até bonita, mas não gosto. Detestei.




Assim, não é por nada não, mas eu temo com o dia, que dentro de tantas comparações, eu seja pega de surpresa e seja comparada com a Rossy, assim, na cara dura. Eu já havia dito... "Olhos grandes, boca grande e nariz grande". Não levem isso tão a sério!

Um dia tudo faz sentido

Um dia você conhece uma pessoa que te faz sentir nas nuvens mesmo com os pés no chão. E a vida ganha nova forma, novos tons, novos sons. Você começa a acreditar que tudo tem um significado e uma resposta bonita.
Um dia a vida dá uma reviravolta e quando você olha para os lados não enxerga ninguém. E começa a questionar tudo que aprendeu e viveu. Tenta segurar a mão do passado, que sai correndo sem olhar para trás. Procura qualquer sinal, uma luz que diga para onde você deve ir. Sem sucesso, sem uma palavra amiga.
Um dia você entende que o tempo não é inimigo. E que ele é o nosso maior mestre. Que tudo vem na hora que deve vir. Que não adianta espernear nem se esconder da vida. Que a fuga não é a melhor saída. E que no fim das contas a gente sempre acaba agradecendo tudo que passou. Porque o tempo (ah, o tempo!) está sempre ao nosso lado para nos mostrar o que realmente vale a pena.

sábado, 9 de junho de 2012

No title;

Ando um pouco impaciente. Não sei se um dia cheguei a ter alguma paciência, acho que não. Mas ando impaciente com a vida e com as pessoas. As coisas demoram pra acontecer. E eu tenho tanta pressa. É tanta coisa pra fazer que não sei se dou conta. É tanta coisa pra fazer que algo me trava, me impede de ir. Contraditório, eu sei. O mais lógico seria ter muito o que fazer e de fato fazer. Mas eu faço. Mentalmente. E aí quando chega em cima da hora eu me viro em novecentas e consigo dar um jeito de super-herói em tudo. Sempre foi assim. Na época da escola eu deixava pra estudar na última hora. O resultado foi uma bela e trágica reprovação. Dizem que a gente aprende com os erros. Eu preciso errar muito pra começar a fazer as coisas direito.


O que é mesmo fazer direito? O que é mesmo ser normal hoje em dia? Acho tão fora de moda utilizar essa linha imaginária: daqui pra cá é normal, daqui pra lá é loucura. Todo mundo tem uma pitada de tudo. É esse o tempero das pessoas: um tablete de insanidade e outro da tal normalidade. Eu acho meio chato ser normal. É por isso que desde pequena me acham esquisita. Me senti durante algum tempo inadequada, diferente. E descobri que isso não é ruim, não.
Ando um pouco distraída com meus defeitos. Tenho aprendido com eles um pouco sobre tudo. Ando mais tolerante com meus erros. E mais aflita ao perceber as maldades do mundo. Isso me traz uma descrença no ser humano. Sabe, as coisas andam difíceis de engolir. Não sei lidar com egos, disputas de poder, puxadas de tapete, fofocas de sexta série y otras cositas más. Tenho mais o que fazer da vida. E acho que nunca estive tão focada na minha vida, nas minhas coisas, no meu futuro.
De vez em quando me perco dentro de mim. É engraçado, mas fico contando coisas para meus botões. Listando tudo que quero fazer até o fim da vida. É tanta coisa que acho que não vai dar tempo. Vou torcer que dê. Porque a vontade de fazer é imensa. E intensa. Deve ser por isso que ando mais quieta, mais na minha, escondida em um cantinho de mim. Fico querendo guardar as coisas para não deixar escapar nada entre os dedos. É uma vontade louca de fazer. Ando escondida, eu sei. Vivendo por dentro e por fora. Às vezes aos trancos e barrancos. Mas acho que a vida é isso mesmo, um dia é bom e o outro é uma porcaria. Não dá pra ser feliz o tempo todo. Por sinal, desconfio de felicidades instantâneas e constantes. Soa meio falso. Gente de carne e osso é alegre e triste. É inconstante. Porque a vida é montanha-russa. E eu adoro andar nela. Por isso vivo sempre na fila do parque.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aprendizagem?


Deitada com os pés voltados pra cabeceira e a cabeça para o pé da cama, de modo que pudesse ver as estrelas pela janela sem ter que me levantar, imaginava se já passava das dez. Tive ímpeto de checar, mas me contive. Depois de um banho quente e um pouco de vinho, já não sabia se esperava o alívio de todas as minhas dores ou uma pizza de muçarela. Tampouco sabia se tinha 15 ou 70 anos, a mente perdida naquele misto de euforia e nostalgia.

-Merda, vou beber mais.

Peguei a taça vazia e fui atrás do resto do vinho. A garrafa parecia torcer o nariz:

-Fraca.

-Cala a boca, sua garrafa.

Nem era uma garrafa. Era uma garrafinha. Não tinha vidro pra nem meia garrafa. Tinha mais é que ficar na dela.
Voltei pro quarto e sentei na cama. Pensei em beber aos poucos, pra condizer com o clima calmo e equilibrado do quarto, mas queria deitar logo. Tomei tudo num gole e fui espiar a rua, dando tempo pro liquido se acomodar no estômago. E então eu o vi.
Não podia desenhar detalhes alí da janela do quarto andar, mas me parecia alto, magro e vestia camisa e calças escuras. E ajeitava duas caixas de papelão, numa distância suficiente para que acomodasse os pés dentro de uma e a cabeça dentro da outra, se cobrindo com uma terceira.
Fiquei zonza. Olhei pro lado, para a cama de casal, que acomodava uma só mulher. Que nem era uma mulher. Era uma mulherzinha. Não tinha tamanho para nem meia mulher. Mas tinha aquele quilômetro de cama, mais coberta e fronhas com estampa de patchwork.
Parecia que eu ainda olhava da janela, mas quando notei, estava parada na portaria com uma coberta nas mãos.
Era mais velho do que me parecia lá de cima, e tinha apenas dois dentes que se pudesse ver. Mas fui eu quem não deu conta de absorver a enxurrada de informações que ele despejou em menos de 15 minutos, discorrendo de forma brilhante sobre fé, vida e esperança, e deixando fluir um conhecimento escancarado sobre história, biologia e matemática, enquanto eu não conseguia dizer palavra.

Não quis me contar o que diabos nessa vida o fizera acabar alí, na minha calçada. Mas nem precisava.

E eu, tinha trocado um cobertor por uma boa dose de vergonha na cara.


E pra complementar, vai um texto de Clarisse Lispector, que encaixa muy bien com a minha reflexão. Com trilha de Lenine, pelo mesmo motivo.


“Mas olhe para todos ao seu redor e veja o q temos feito de nós e a isso considerado vitória de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficando do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença,sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos do que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.

E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.”

                                              (Lispector, Clarice. Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)

Astrologices

Hoje, mais cedo, estava eu checando uns correios eletrônicos da vida, e como numa boa manhã de feriado, não tinha porra nenhuma de interessante, resolvi checar o meu abandonado Orkut. Aí fui lá conferir um provável desabafo de algum amigo bêbado de meses atrás, proveniente da última madrugada da época.
Qual não foi a minha surpresa quando, na página inicial, li a minha sorte de hoje que dizia: “Se seus desejos não forem extravagantes, eles serão realizados”.
Pô, fiquei chateada. Ontem mesmo eu havia decidido que depois da cobertura e de uma casa na praia, eu ia querer um fazedor de suco particular. Humano.
E esse meu chateamento me levou a refletir sobre me incomodar com uma frase cuspida por um estagiário do Google. Caros leitores, perdoem a farofice, mas em tempos remotos, astrologices muito me agradavam.
Poooode falar que é coisa de gente tosca, pouco instruída, coisa de pobre, whatever. Mas por mais que eu me esforçasse pra me convencer que aquela porcaria não valia um palito, eu sempre acabava com uma pulguinha atrás da orelha. Feito mulher quando diz que não tá nem aí se o cara não ligar. Por trás da expressão blasé, há um descabelo master.

É.

Digo mais: quando bem nova, costumava comprar revistinhas do João Bidu TODO MÊS. Prontofalei. Uma fase negra repleta de previsões, significados de sonhos, livros de Wicca, runas, incensos e o diabo a quatro. Depois dos Backstreet Boys, e óculos coloridos foi essa porra toda que levou a minha grana adolescente por um bom tempo.
Acontecia de eu ficar meio frustrada quando nenhum livrinho sabia me dizer o que significava sonhar que tinha um aparelho de som automotivo instalado no estômago, ou um primo do tamanho duma lata de cerveja que ficava roxo quando eu não o alimentava, mas no fim das contas era um prazer quase sexual ler sobre como eu era uma virginiana poderosa, fatal e fodidamente foda.

-Oh, imagine! Cê acha mesmo?!

De qualquer forma, um dia enjoei e queimei tudo numa carriola (irrelevante), mas ainda continuei a correr os olhos pelo horóscopo quando abria um jornal. Também não vivia em função, não ia deixar de sair se me dissessem que um piano cairia sobre a minha cabeça, mas certamente prestaria mais atenção ao que viesse de cima. Ou de baixo, ou de trás, enfim, de onde pudesse doer.

Noite passada mesmo, sonhei que estava voando, e depois encontrei por aí que sonhar que estou voando significa concretização de meus sonhos mais elevados. Diz se não é estimulante!

Só que hoje funciona assim: ainda a-do-ro uma bela astrologizada, mãss veja bem: se vier me falar que vai dar merda ou que vai dar morte, eu apelo pra lei da atração, faço melhor de três ou até de quatro (epa). Eu poderia usar a senha da minha irmã e decidir que a sorte dela agora é a minha. O que interessa é me favorecer, mano. Felizmente, depois de tanto acreditar em baboseira, eu descobri que o meu caminho só pode ser construído por mim.

E se precisar, as estrelas que mudem de lugar.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Linguagens

Existem inúmeras formas de se expor sentimentos e ideias. Particularmente, acho a fala a mais besta delas. É justamente falando, que a maioria das pessoas NÃO consegue se fazer entender. Como se o grau de subjetividade fosse inversamente proporcional à facilidade de exposição.
Assim, a gente acaba com preguiça de concatenar tanta coisa rodando na cabeça e se despede com “boas férias”, “até mais” e afins ou pergunta a hora, pensando no sentido da vida.
Eu já escrevi um email pra ser lido na minha frente, só pra não correr o risco de perder a linha de raciocínio e não conseguir dizer tudo que precisava. E é assim, eu falo demais sem dizer nada e digo tudo sem abrir a boca.
E tem gente que pinta o que sente, outros dançam, outros presenteiam. Tem quem fere, querendo dizer e tem quem diz, querendo ferir quase que fisicamente.
Não é o fim do mundo quando duas pessoas usam linguagens diferentes. Uma sempre pode aprender a linguagem da outra e, quando isso não é possível, sempre há uma forma de tradução. Uma amiga da minha irmã ficou com um cara que só falava inglês. Ela, sabia meia dúzia de palavras, incluindo “kiss me”. Conversaram por mímica a noite toda. Nem tudo podia ser entendido assim, então eles usaram um tradutor online.

Tem horas que não precisa mais do que olhar, pra mostrar tristeza, desejo ou raiva.

Por isso eu sinto por quem não tenta nenhuma das formas e deixa tudo não-dito, como se não fosse fazer diferença. Esses vão ficando pra trás. Esses matam o amor. E vão morrendo junto, sem que a gente possa fazer nada.
Mas os meus preferidos são os que cantam ou tocam algum instrumento. Que juntam todas as linguagens numa só e fazem você se apaixonar até pela melodia que embrulha um contexto onde você se fode. Tem que ter muita alma, muito sangue correndo.

Aos músicos, o meu respeito.