quinta-feira, 29 de março de 2012

Como nossos pais?

Lá no Descanso do Vovô, a gente tem mania de papear por horas com os velhos sobre o passado deles e como chegamos até aqui.
Na última dessas, eu fiquei horas refletindo sobre o que eu ouvi e cheguei a algumas conclusões.
Meu pai saiu do sítio e começou a trabalhar por volta dos 8 anos de idade, empacotando compras. Minha mãe tinha condição melhor, então não precisou trabalhar tão cedo, mas o Vô Bié, perdeu muitos dos seus filhos e começou a perder as terras também, na adolescência ela começou a trabalhar. Os dois trabalharam durante toda a adolescência, como muitos de nós, hoje, só que o dinheiro ia todo pra casa. Minha mãe teve que dar até o último mês de salário pro meu avô, antes de se casar.
Mas o que me espanta é a trajetória pós-casamento. Uma sociedade com parentes onde os dois entraram com dinheiro e saíram sem nada; minha mãe vendeu alumínio;  meu pai foi viajar como vendedor e dormiu em hotel com cachorro debaixo da cama; deram quase tudo pra comprar uma mercearia e o antigo dono resolveu comprar uma perua e atender os antigos compradores em suas casas, ferrando o negócio.
Pagaram por anos uma casa e depois descobriram que, por causa da inflação, a dívida só aumentava e, quando terminassem de pagar, estariam devendo cinco casas. Pararam de pagar. Nesse meio tempo, minha mãe montou uma empresa de fraldas descartáveis, que deu dinheiro suficiente pra erguer a nossa casa antes do despejo da outra casa. Pouco tempo depois, um incêndio destruiu a fábrica toda.
Depois disso, meu pai abriu uma loja de materiais hidráulicos, com dez peças de cada. Foram alguns anos trabalhando pra pagar as contas, sem lucro, mas ele nunca deixou de acreditar. Quinze anos depois, ele vai pra Gringa por bater recorde de vendas de um fornecedor.
Apesar de ter dormido nos sacos de arroz enquanto meu pai enchia linguiças, à noite, no açougue da mercearia, eu não tive uma vida dura. Não precisei trabalhar quando criança e sempre tive o que dava pra ter. E eu sempre soube o que dava pra ter e não pedia mais que isso. Hoje ele se aposentou legal, e continua aí, trabalhando, trabalhando, pra não ficar parado
Quantas dessas histórias há por aí? A geração dos pais dos quase-adultos de hoje foi a que mais se ferrou, a que passou pelas maiores mudanças. Já nós, nascemos e crescemos num mundo um pouco mais tranquilo, onde não era preciso lutar tanto. Porque eles lutaram por nós.
Só que, sinceramente, eu acho que isso fodeu com alguns de nós. Eu não me sinto digna de ganhar um carro, mas muita gente que eu conheço exige isso, sem ter conquistado porra nenhuma. Muita gente acha normal. Não é. Você tem que conquistar uma coisa pra dizer que é tua. Tem que pagar teu aluguel se quiser morar sozinho. Que trampo, né?
Fui pra São Paulo e vi um cara com as pernas atrofiadas, se arrastando num skate. Quem sou eu pra reclamar e desistir das coisas que eu quero?
Quem é você?
Shame on us, a vida é DEMAIS. É só enfiar a cara.

domingo, 25 de março de 2012

Muito do que não precisa.

Lá pra época do Zagaia (ou da infância dos meus pais), a despesa da casa era feita em armazéns. Um balcão, um tio atrás do balcão. Não eram muitos os tios, nem os balcões, nem as opções.
Exatamente por isso, pra crescer, tinha que ser de outro jeito.
Vieram os PEGUE E PAGUE, onde o cliente entrava e pegava o que quisesse, botava na cestinha e passava pelo caixa. Agregamento de ítens HORTIFRUTIGRANJEIROS, carnes, pães e lacticínios, crescimento exponencial da variedade de marcas e produtos.
Hoje, o foco é suprir todas as necessidades que o cara possa ter, no mesmo espaço físico. Eletrodomésticos, roupas, remédios, eletrônicos e serviços. Dá pra abastecer o carro, tomar um café, pagar contas, colocar crédito no celular, revelar fotos, fazer amigos e dançar a conga. Comer pizza de forno à lenha. Comprar perfume em franquia. 24 horas por dia.
Eu lembro de uma infância num esquema armazém do tio.
Eu tinha uma professora, eu tinha uma turma onde ninguém era ruim. Eu tinha umas poucas vontades. Queria gibis, roupas roxas, um macacão e repicar o cabelo. Sabia desde janeiro o que pedir no natal.

E tinha mais PAIXÃO. O peito doía de alegria com as férias na casa das primas, com a semana na praia, com o oi do Murilo, com o domingo no clube, com o pacote de Passatempo, a bolacha mais gostosa do universo. Nada era ruim por muito tempo. Assim que o choro secava, já tava tudo bem.

O tempo e as surras vão laceando as emoções, ao mesmo tempo que a gente sofre mais. Uma roupa nova já não tem tanto valor no fim do dia, um sentimento novo já não tem tanto valor no fim da noite. A gente já não sabe qual é a melhor bolacha, já não sabe qual pacote de feijão comprar, tem coisa demais no supermercado, tem gente demais na vida da gente.
Eu ando quilômetros com o carrinho e não levo nada. Eu não gosto mais das coisas que eu gostava e o problema de experimentar uma daquelas que a gente nunca pensa em pegar porque é muito caro, é que a gente tem mania de viciar no que não dá pra ter sempre que a gente quer.

Eu andei perguntando pras pessoas se elas são felizes e ninguém diz “sim”. Ao invés de três letras, elas usam o resto do alfabeto, os números e a mitologia grega. Elas não sabem, elas estão trabalhando pra isso, elas são 70% felizes. Elas se encontram no mercado, de madrugada, procurando por alguma resposta. Andam, olham, pegam, hesitam, devolvem, continuam com fome.

Ontem, sábado, me decepcionei por não ter ido em uma festa. Parece que hoje em dia, decepção é isso. Mas era uma festa legal mesmo, da minha cidade, Rio Preto,  mas não pude pegar pista. Pressentimento da minha mãe. 
Moro numa cidade tão grande. E rodeada por tédio, de madrugada resolvi ir a uma dessas cadeias de Supermercado. Tanta gente como eu, em dúvida, com milhares de opções a frente, procurando um tapa-buracos. No meio de tanta opção, ninguém dá bola pra algo como uma bala. Não mata a fome, mas adoça uns minutos da vida. É uma alternativa simples e desinteressada, mas boa. Como um cafuné pra dormir.










Da próxima vez que você se perder no mercado, com fome, compre balas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Agorando.

Dia desses, mandando uma caminhadela noturna, daquelas pra dar oi pras estrelas, respirar fundo e se encontrar se perdendo pelas ruas, o Tom mano véio me cantou uma pelos fones que entrou rasgando a mente:

“Where will I meet my fate?”

Rapaz, complicado. Falando desse jeito até parece que amanhã eu vou virar a esquina, trombar com uma figura suficientemente destino-like e tipo “olocobicho, ô demora”

Não, porque what the fuckin’ flyin’ carajos seria “encontrar o meu destino”? É encontrar a pessoa que vai ficar velha ao meu lado? Arrumar um trampo que eu vou fazer pra sempre? Ou qualquer coisa que componha uma rotina que será repetida overandoverandoverandover até a cova?

Então meio que eu rodei, porque a vida andou aí me mostrando que as coisas curtem dar uma mudada e se pá eu sou um ser sem um destino capa dura na prateleira do cosmos.

O problema é que a gente costuma achar muito mais legal viver qualquer coisa que não seja o exato momento que deveria estar sendo vivido, impressionante.

É mais legal lembrar de quando a gente tinha alguém, de quando era mais magro e tinha mais dinheiro ou pensar que amanhã vai ter alguém, a gente vai emagrecer e vai ter mais dinheiro, do que aceitar o que tem pra janta e aprender as lições que precisam ser aprendidas SIMPLESMENTE PARA QUE O CICLO SEM FIM DE CAGADAS NÃO SE REPITA REPETIDAMENTE PARA TODO O SEMPRE TE DEIXANDO ETERNAMENTE SOZINHO, GORDO E POBRE.

Porque olha, quantos futuros não se tornam passado enquanto a gente não presta a devida atenção às rédeas do presente, hein?

Seguindo o conselho de outra ídola do cantarolamento, eu ando me dando apenas 20 segundinhos pra reclamar, chorar, berrar, porque o barco lá fora zarpa sem mim, caso eu queira ficar. E o mar é sempre muito mais legal.

Só que às vezes a gente fica pendurado no cais, esperando a terra dar um sinal, pra confirmar as nossas (in)decisões. Olha, aí vem um outro devaneio dos meus dias recentes, que diz que a única coisa das quais eu não posso me desfazer pra viver são os meus órgãos. De resto, tudo se aguenta/substitui/supera/esquece.

E você provavelmente já tá aí pensando que dá até pra viver sem um rim. Quédizê.

domingo, 18 de março de 2012

Auto-ajuda, a gente vê por aqui.

Ultimamente tenho observado que a linha entre as pessoas com grande auto estima e as completamente sem noção é muito tênue.

Porque dizes isso, Gabriéla?

Ora, caro leitor hipotético que conjuga perfeitamente o verbo, é muito comum ver pessoas que são tão ordinárias quanto celulites nas coxas de uma obesa mórbida com grandes sonhos e planos. Sim, sonhar não faz mal e é traçando metas que alcançamos objetivos, mas mesmo nos planos precisamos ser realistas.
Na boa, você tem 30 anos, não sabe escrever, não sabe falar nenhuma língua estrangeira, não gosta de ler, nunca trabalhou... e acha que vai ser o próximo editor chefe da Folha de São Paulo?!


Anham, Claudia, senta lá.


Mas imaginemos que boa parte da população mundial morra em um grande atentado e a Folha esteja procurando um editor chefe e o cara de 30 anos seja a única saída. Viu?! Nada é impossível.


"Nada é impossível" é um argumento quase tão escroto quanto "faça o que eu digo, mas não faça o que faço". (Nada é impossível é argumento de perdedores?)
Se você é o tipo de pessoa que faz planos contando com desastres naturais e grandes catástrofes para que eles se realizem, então esse texto, pra você, termina aqui. Beijoca! :D
Mas se você é uma pessoa que tem planos audaciosos e, mesmo avaliando todas as dificuldades, ainda acha que é possível alcançá-los, então vai lá, doidão.
Mas, na boa, enquanto isso, não fica colocando teus planos na bio do twitter e nem como nome do facebook.


Bio: futuro game developer and owner of a huge game company that will outtake Nintendo.
Fulano de tal, futuro CEO da Apple.


Parece coisa de neguinho que vai dizer que "I'm going to be the next American Idol. UUUU". na TV americana.
Sossega o facho, como diria a minha mãe, e vai trabalhar, porra.
Um amigo me falou de uma frase de Einstein que vai bem por aqui:


"If A is success in life, then A equals x plus y plus z. Work is x; y is play; and z is keeping your mouth shut."
"Se A for sucesso na vida, então A=x+y+Z. A=trabalho; Y=atitude; e Z=manter sua boca calada".


Sacou?! Tranquilo? É por esse e outros motivos que a gente tem que tomar um rumo na vida. ACORDAR!
Meu nome é Gabriéla Pacheco, mas pode me chamar de Clarice Lispector de Novo Horizonte. ¬¬

Consequencia do Ócio.

sábado, 17 de março de 2012

Tigre da noite. "Wander Wonder"

Música é em minha vida, algo como religião. E em miados de 2011(risos) conheci uma banda que se chama Balam Acab. Entre uma noite e outra de insônia, descobri algo genial, pequeno e grandioso ao mesmo tempo. Uma boa composição nem sempre é algo que busco numa playlist, e depois de descobrir Balam entendi que tenho um certo "feeling".O Balam Acab sempre esteve junto da #tag "Witch house", música arrastada e cheia de meandros com supostas conexões com o oculto (que de house não tem nada). Talvez tenha sido uma brincadeira que saiu ligeiramente do controle dos seus pioneiros, e as centenas de capas sinistras e alusões nada comedidas a símbolos pagãos ganharam uma certa projeção na internet e na mídia musical. Mas ao contrário de outros nomes que ajudaram a fixar esse gênero como "Salem" e " oOoOO", o Balam Acab não evoca rituais ocultos claustrofóbicos cheios de alucinações auditivas.
Se o som produzido pelo americano Alec Koone é a trilha sonora de um encontro de bruxas, ao ouvir Wander Wonder só conseguimos imaginar um convescote Wicca. Bruxas Wicca moderninhas, é bem verdade. O disco de oito faixas é em alguns momentos literalmente ambient: pássaros cantando, fogo crepitando, madeira que range, o tilintar de objetos metálicos, água corrente.... muita água corrente. Ao ouvir o disco com atenção, um cenário natural rico se desenrola. Florestas verdes e húmidas, povoadas por animais coloridos porém sorrateiros. Imagina-se personagens fantásticos e mitológicos, goblins gananciosos contando moedas de prata, fadas brincalhonas, cidades maravilhosas onde magos poderosos cozinham poções em grandes caldeirões, dentro de torres de mármore rosado. É como se o disco fosse um espelho por onde pudesse se atravessar para chegar a este lugar mágico, e quando se chega lá sente-se um torpor acalorado gostoso. Tá, eu viajo, eu sei. Mas é algo assim. Ao ouvir Balam, sinto uma ligação maior com a natureza. Uma busca do que não vejo ao meu redor. Sinto o que nunca senti. Sentidos à flor da pele. Brisa natural. Viajo. Me arrepio. Fecho os olhos. Sinto.
Quis saber tudo, desde o significado até algo mais sobre as "composições". Encontrei em sites de letra, 6 letras. Procurei também o significado de Balam Acab. Me surpreendi. De novo.
Sobre o nome, descobri que era algo como os primeiros homens, criados a partir do milho. Mitologia Maya. (Eu acho) Balam Acab esignifica "Tigre da noite". Não sei a ordem exata, mas Balam Quitzé foi o primeiro homem feito através do Milho e em seguida viria Balam Acab. Mulher de Balam Acab se chamava Chomiha. Gostaria de ter lido e estudado mais sobre o assunto, mas a vida sem roteador não é nada fácil.
Musicalmente, Wander Wonder(álbum) soa muito mais cristalino do que os primeiros demos e eps do Balam Acab, e isso é mais um fator que o distancia de bandas como oOoOO, por exemplo. (E ah, como acho que essas bandas não são conhecidas, oOoOO é uma banda, que se define como Wicca). Além da rica ambientação, o disco apresenta muitas harmonias gentis de instrumentos de corda, harpas, violoncelos e outras delicadezas, tudo aliado a uma produção eletrônica de baterias downtempo sutis, drones, vocais com o pitch lá em cima (talvez cantados pelas próprias fadas brincalhonas..................não sou louca e nem me drogo) e baixos sintetizados que não engolem o resto das músicas. Tudo isso culmina em belos momentos, como nas faixas "Oh, Why" e "Await". Recomendo "See Birds" e "Dream Out" porque foram as duas primeiras músicas que ouvi de Balam e sem dúvidas estão entre as preferidas.
Suspiros, vozes, gemidos, natureza, talvez harpas. Água, boa melodia, voz indefinida. Feelings, vibes, souls, spirits, nature, essences.
Gostaria de saber onde Alec encontra inspiração e criatividade pra conseguir mexer tão profundamente, apenas com melodia. Melancolia.


Como havia dito, quis saber algo mais sobre as letras. Quis saber se o que eu sentia fazia sentido pelo que meus ouvidos absorviam. Encontrei 6 letras, no Letras.Terra e 6 letras no Vagalume. Achei que faziam algum sentido. Na verdade, achei que fazia todo sentido. Muita melancolia. Mas o que me tirava do sério, era não encontrar tais músicas pra Download e nem no Youtube. Minha dislexia entrou em ação no nível 3.000 e só depois de algum tempo descobri que as letras se tratavam de uma outra banda, que se chamava "Balam Akab". Decepção na certa. Dois minutos depois, percebi que ainda assim faziam todo sentido. Mesmo descobrindo que era uma banda de heavy-metal mexicana.
O intuito deste post é: Queria dividir essa vibe que se chama Balam Acab com o mundo. Porém, sei que 1 a cada 1.000 pessoas vão gostar.


Segue o Link de algumas músicas:






Qual a razão, motivo ou circunstância dessa bagunça no meu sub-consciente?


Balam Acab feels like water running down the sides of my brain.


Organic. Amazing!
 

Pronto, dividi isso com o mundo. Vocês já podem me chamar de louca depressiva!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Extremos

Há algumas semanas, me perguntaram se me comparam muito com a  minha irmã. Resolvi discorrer sobre o assunto e colocar na ponta do lápis três comparações que sempre foram um fantasma na vida dessa irmã mais nova que vos fala:

1 - Toda reunião de família, o pessoal começa a lembrar como era quando os filhos/sobrinhos/netos eram pequeninos e hoje resolvi revelar: minha irmã era o "capeta em forma de guria".

- Ela cortava o cabelo das minhas primas escondido, no estilo "cabelo de surfista".

- Botou fogo num sobrado que morava com meus pais. Não sobrou um lápis!

- Numa viagem de trem com a minha mãe, soltou um pum e disse: Ai mamãe, que feio! Fica peidando no trem!".

- Botou fogo em uma cabana cheia de crianças dentro, porque eram rivais de quarteirão.

- Defecou nos sapatos do meu pai.

- Batia nos meus primos que eram mais velhos que ela.

E mais mil ítens que posso continuar citando aqui até enjoar, porque, acabar, não acaba nunca. E, lógico, sempre depois de falar da minha irmã ficam todos em silêncio lembrando dos episódios e acho meio impossível não pensar ‘e a Gabriéla?’.
Pois é. Perguntem: E você?
Eu? Eu, nada!
Porque enquanto minha irmã aprontava, eu estava na mesa da cozinha conversando com ervilhas, no chão da sala montando casa de boneca com na estante, brincando de formar casais com os lápis de cor, picotando papéis ou dormindo, porque como uma tia disse uma vez, era me deixar quieta por 1 minuto que eu deitava onde estava e dormia. A única coisa que conseguem dizer é: A Gabriéla era insuportável. E o engraçado é que temos uma parte da família que só encontramos em ocasiões extremas, do tipo velório. E uma prima minha, 20 anos mais velha, inventou de relembrar essa épocazinha com certas palavras "A Gabi, aaaah, a Gabi.. Dava vontade de pisar no pescoço dela e esmagar pra parar de ser chata." 
Fiz a linha Kátia: Não vi nada. Não ouvi nada. Não lembro de nada.. Saí andando!

2. Sempre demorei muito mais pra pegar no tranco e isso não é segredo pra ninguém.

Quando minha irmã tinha uns 5 aninhos, minha mãe disse que se ela parasse de chupar chupeta naquela semana, ganharia um presente. Parou naquele dia e nunca mais.

Tentou isso comigo desde antes dos 5 anos e eu parei faltando 15 dias para completar… 9 anos.

Eu fazia questão de escolher minha fralda no supermercado e colocá-la sozinha. O mínimo de dignidade, né, por favor.

E ah, minha irmã parecia uma boneca quando criança. Usava tudo o que minha mãe comprava. Já eu, escolhia minhas roupas. Surpreendia quando chegava no colégio com uniforme e botas de pelo. Lembrando também, do casamento da minha prima Fabíola em que fui de Botas de cowboy.(Que eu mesma escolhi e briguei para conseguir usá-las no dia do casamento.)

         (Eu, muito simpática(com as botas). Minha irmã fantasiada de cantora gospel. Fabíola com o rostinho alegre de quem foi obrigada a casar porque engravidou. Mamãe com um Chanel Bapho de fenda e Mi de topete.)
3. Por último, algo que sempre compararam é inteligência/esperteza. Claro, é normal irmãos disputarem as melhores notas e tal.

Mas só vou fazer UM comentário: na mesma idade em que minha irmã sabia quem era Gorbachev, eu perguntava pra minha mãe qual parte da vaca era o frango.



Né.

Pra constar: todas as informações desse post foram confirmadas pelos meus pais e eu agradeço a eles por não desistirem de mim apesar de tudo isso. Mas é aí que vem um porém. No fim das contas, sem mim, a minha irmã-mais-velha-prodígio não ia conseguir: dieta(porque ela precisa de alguém pra ter estímulo e mostrar o quanto ela sabe sobre o assunto, rs), sorrir tanto, ouvir Regina Spektor e Kate Nash, dormir depois de um filme de terror e muito menos assistir, até então sou a única que também gosta disso. sem mim, ela não ia ser uma pessoa minimamente equilibrada. E sem mim, nunca teria feito um estrago na conta do Supermercado comprando delíciosos Chocolates da Mônica 8 vezes ao dia. Escondido, é claro!

Sem contar que se essa lazarenta não parar de tomar café eu, provavelmente, vou ter que doar um pedaço do meu fígado pra ela.

Então, se você tem um filho que parece meio banana e autista, dê tempo a ele pra crescer e se desenvolver no seu próprio ritmo. É absolutamente normal.

Já se você tem um filho que bota fogo na cortina e fecha a porta do quarto como ela fez, jogue no rio, o quanto antes.

Sério, era o que a gente deveria ter feito.

Brincadeira, Tatá. Sem você, quem iria cutucar minha comida após dizer que não queria pedir nada? Quem dividiria o quarto comigo com quarto sobrando? Quem tomaria meus Danones? Pra quem eu deveria dinheiro eternamente? Quem quase me mata de rir quando lê as coisas em inglês? Quem faria caldo de legumes sem sabor? Quem iria pedir um pouco de sorvete e ficar chupando a minha casquinha?



Brincadeira de novo! Sabe que tenho vontade de dar na sua cara por essas coisas, mas, sem você, quem me defenderia? Quem me mandaria ser gente quando só tenho vontade de sentar e chorar? Quem pegaria roupas no consignado e esconderia pr'eu não comprar? Quem? Quem me levaria nos lugares? Quem reclamaria a cada trago do cigarro que eu pedisse? Quem me mandaria viver um pouco? Quem me mandaria acordar pra vida?

Se sem mim, ela não é uma pessoa minimamente equilibrada, sem ela, não sou uma pessoa minimamente desequilibrada. E sem o desequilíbrio, sem arriscar, eu não seria metade do que sou.

Um viva pros extremos!


Te amo!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Como seria?


Estive pensando no que penso sempre, relações afetivo-amorosas na modernidade (ou seria pós-modernidade?! não, não! não vou entrar nessa discussão).
Como algo pode ser duradouro num mundo em que a praticidade e a momentaneidade é cultuada?
As relações tipo o namoro, e mais ainda, o casamento, vão contra o tipo de contato que se espera.
Mas o que diabos eu to falando?? Pensa só: As filas, sejam ela de qualquer natureza, estressam apartir do segundo minuto de espera; o mesmo acontece com as adoráveis ligações de telemarketing; no trabalho, a terceirização reina, não há estabilidade em nada. Então, como se esperar, numa sociedade como essa, uma estabilidade de sentimentos? ou uma durabilidade nas relações onde o que mais queremos é que tudo seja o mais breve possível?
É contraditório.
E é em meio a toda essa situação que você conhece alguém, e sabe que algumas poucas horas será o máximo de tempo que vão compartilhar um com o outro. Isso sim está de acordo com o que se espera nas outras situações da vida cotidiana: A momentaneidade.
Vocês se beijam numa esquina qualquer, o dia acabou de nascer. Esse é, ao mesmo tempo, um primeiro beijo e um beijo de adeus.
E pronto, cada um segue com a sua vida…

Mas o que fica é o pensamento: Como seria…?

Ah! Todo mundo sabe como seria.
Seria momentâneo.
E só.