segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cinto minutos.

Uma vez me disseram que a minha vida é um livro aberto e que isso é uma merda pras pessoas ao meu redor. Eu nunca entendi o raciocínio, já que quem me ama não deveria se sentir ameaçado ou chateado com o fato de a vida nunca poder me enfiar o dedo na cara e dizer que eu sou uma farsa.
Pelo contrário, deveriam (sei lá, num cenário utópico da perfeita medida da coerência humana) se orgulhar do dia em que eu decidi deixar de dormir apertada, dividindo o travesseiro com as minhas mentiras apaziguadoras.
Porque, felizmente, desde muito cedo eu resolvi nunca esquecer o quanto valem cinco minutos na minha vida. E, às vezes, as pessoas ao redor de quem pula de olhos fechados pra sentir o vento, enroladas em suas amarras imaginárias sociais e psicológicas e em suas mazelas, não conseguem processar a alegria de uma criatura viva, fazendo jus ao sangue que lhe corre nas veias.

Ah, se a toda essa gente:

não deixasse de fazer o que quer por medo das câmeras
não deixasse de comer porcaria porque engorda
não deixasse de dizer que não sabe por medo de parecer burro
não deixasse de cantar alto por medo de desafinar
não deixasse de trepar no chuveiro por medo de destruir a maquiagem
não deixasse de sambar mesmo sem saber
não deixasse de se apaixonar por medo da tempestade causada pelas consequências

Saber o quanto valem cinco minutos na sua vida, é saber pra quê, afinal, o seu coração bate. É não viver um dia sequer sem sentir frio na barriga por alguma coisa nesse mundo. Você já reparou que NENHUM dia vai voltar? Que você tem apenas UMA chance na vida de fazer o dia 30 de Abril de 2012 ser uma data digna de ser memorizada? Que daqui a pouco agora já é ontem?
E sim, nessa de viver o que não se deve deixar de viver, às vezes, a gente atropela pessoas. Simplesmente porque não dá pra levar todas elas com a gente. A Florence diz que você não dá pra carregar todo o amor se quiser sobreviver e o Kundera diz que a gente já entra no palco da vida atuando, sem ensaio, sem rascunho.
Eu só sei de uma coisa: se meu corpo parar, o seu continua. Se eu morrer, ninguém morre comigo. Quando dói, só eu sinto. Então qual é a lógica de não viver o que um outro coração não quer?

Até porque a maioria dos corações não vai te dar ouvidos quando quiser voar. E eu acho é lindo.

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