segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pela primeira e última vez, 19

Semana passada fiz aniversário. 19 anos de cara de pau estapeada pela vida. De qualquer forma, pior pra ela, afinal de contas, cheguei até aqui foi na cara dura mesmo! Comecei meu aniversário com uma boa dose de rum pra contrastar com meu novo espírito pirata. Acendi um cigarro, coloquei uma música e esperei meu primeiro parabéns. Ele veio. Não menor que um abraço, não maior que um desejo sincero de felicidade, luz e amor. Sentei na cama, olhei pela janela do quarto e pensei: então, parabéns pra mim, né? Finalmente ano novo com direito a passagem por agosto, mês dos ventos, da morte e do cachorro louco, a chegar em setembro, primavera, flores e dia da árvore, o meu aniversário.

Fazer aniversário numa quarta-feira é como ir à churrascaria e comer salada. Você sente o cheiro, mas não prova, você vê, mas não encosta, você vive, mas não aproveita. Você não comemora. E ele passa como se nunca estivesse lá. Ganhei abraços. Uns mais sinceros, outros apenas pela cumprimento do protocolo. Ganhei votos de felicidade, paz, amor, sucesso, realização e juízo. Recebi todos com muito carinho, mas juízo, eu passo. Não confundo juízo com consciência ou liberdade. Na verdade, acho só a palavra bonita, mas não sei pra que que serve. Se fosse bom, vinha com receita. Se prestasse, vendia nos Jardins. Se tivesse alguma finalidade, a China já tinha dado um jeito de embalar e vender a vácuo.

Aí não vou ligar pro tal do juízo, não. Vou no máximo mandar um e-mail pra minha consciência e falar com ela pra poder dormir em paz. Tive formação, educação e boa instrução de conduta. O conceito de certo ou errado é muito subjetivo, e numa sociedade em que as pessoas desaprenderam a pensar e opinar por si, me sinto cada vez mais cercada dessa verdadeira água de batata chamada reputação: sem sal, sem graça e não serve pra nada. Eu quero é ver alguém pagar minhas contas e deixar comida pronta quando eu chegar em casa. Se você não faz isso por mim, também não venha me dizer o que fazer porque eu apenas comecei meus 19 anos de felicidade, paz, amor, sucesso e realização. E se alguém também não faz isso por você, compra lustra-móveis, passa a flanela na cara de pau e vai ser feliz, afinal de contas, se tiver poeira, alguém certamente vai notar.


Virginianas.

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