Fazer aniversário numa quarta-feira é como ir à churrascaria e comer salada. Você sente o cheiro, mas não prova, você vê, mas não encosta, você vive, mas não aproveita. Você não comemora. E ele passa como se nunca estivesse lá. Ganhei abraços. Uns mais sinceros, outros apenas pela cumprimento do protocolo. Ganhei votos de felicidade, paz, amor, sucesso, realização e juízo. Recebi todos com muito carinho, mas juízo, eu passo. Não confundo juízo com consciência ou liberdade. Na verdade, acho só a palavra bonita, mas não sei pra que que serve. Se fosse bom, vinha com receita. Se prestasse, vendia nos Jardins. Se tivesse alguma finalidade, a China já tinha dado um jeito de embalar e vender a vácuo.
Aí não vou ligar pro tal do juízo, não. Vou no máximo mandar um e-mail pra minha consciência e falar com ela pra poder dormir em paz. Tive formação, educação e boa instrução de conduta. O conceito de certo ou errado é muito subjetivo, e numa sociedade em que as pessoas desaprenderam a pensar e opinar por si, me sinto cada vez mais cercada dessa verdadeira água de batata chamada reputação: sem sal, sem graça e não serve pra nada. Eu quero é ver alguém pagar minhas contas e deixar comida pronta quando eu chegar em casa. Se você não faz isso por mim, também não venha me dizer o que fazer porque eu apenas comecei meus 19 anos de felicidade, paz, amor, sucesso e realização. E se alguém também não faz isso por você, compra lustra-móveis, passa a flanela na cara de pau e vai ser feliz, afinal de contas, se tiver poeira, alguém certamente vai notar.
Virginianas.
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